quinta-feira, 7 de junho de 2012

POSIÇÃO DO FÓRUM SOBRE A ASSEMBLEIA DOS PROFESSORES E SOBRE A GREVE NA UFG

Ontem foi um dia histórico para os docentes da UFG. Uma das maiores assembleias da história desta universidade expressou o descontentamento e a indignação dos professores em relação ao desrespeito do governo com a categoria e aprovou por aclamação início da Greve na UFG dia 11/06.
A associação entre políticas de reestruturação da carreira dos docentes em moldes predatórios, hiperprecarização das condições de trabalho dos professores nas IFES de todo o país e a indisposição do Governo em dialogar com a categoria, pondo na mesa propostas condizentes com as necessidades da Universidade pública brasileira precipitou uma greve de proporção e importância históricas. Em pouco menos de 20 dias a quase totalidade das Universidades Federal paralisou suas atividades e iniciou movimentos grevistas em todo o país.
A UFG não ficou incólume a esse processo. Os professores dos Campus Catalão, Jataí e Cidade de Goiás, que sentem de forma mais contundente os impactos das políticas de reestruturação do governo para as Universidades, aderiram à greve nacional por não suportarem mais carregar nas costas o peso da expansão desordenada, com uma projeção de carreira que elimina princípios e direitos fundamentais do trabalho docente na Universidade. Em Goiânia, os indícios de insatisfação apareceram em diversos momentos e lugares: na Assembleia dos docentes chamada pela diretoria da ADUFG ainda no mês de maio, que propôs indicativo de greve para dia 11/06; na organização de um movimento independente de mobilização dos professores que se auto-organizou como Fórum; nas declarações de insatisfação e indignação de cada professor, nos corredores, salas de aulas, laboratórios ...
Diante desse quadro, tínhamos uma Assembleia, convocada pala diretoria da ADUFG, marcada para o dia 06/06 com uma única pauta: Greve dia 11/06. Então, na tarde deste dia, professores lotaram o plenário da Assembleia na EMAC cheios de expectativa de que teríamos um debate importante e que a direção de nosso sindicato apresentaria uma pauta de mobilização e de luta da categoria no sentido de nos juntarmos ao amplo e maciço movimento nacional em processo desde o dia 17/05. A expectativa ampliou-se com a recepção e o apoio apresentado pelos estudantes que, com palavras de ordem, chamavam os professores para a Greve a favor da Educação.
Mas, as expectativas se frustraram nas intervenções da direção. Ainda na véspera da Assembleia, a direção do sindicato mudou o local de sua realização faltando pouquíssimo tempo para informar a todos. E, numa clara atitude de desrespeito, enviou mensagens por celular indicando que o local da Assembleia seria no IME, confundindo vários professores.
Já na Assembleia a diretoria surpreendeu aos docentes ao propor que professores que não fossem filiados se lavantassem (e, se possível, se retirassem também) para o andamento da Assembleia. Esse quadro significou o acirramento dos ânimos entre direção e plenário, expresso nas vaias que os professores proferiram para a mesa diretora. Não bastasse essa situação, a polícia militar fora chamada para conter os estudantes que se manifestavam do lado de fora do Teatro da EMAC.
Essa situação levou à presidente do sindicato tentar suspender a Assembleia, por conta própria e sem consulta ao plenário. O evidente despreparo para lidar com uma situação de adversidade (uma vez que a direção do sindicato sempre esteve contrária ao movimento de greve) e a reiterada manifestação de desrespeito em relação à centenas de professores que estavam na Assembleia (diríamos, em relação aos professores da UFG) precipitou o enfrentamento entre professores, que rapidamente foi contido.
É preciso dizer que no espaço público de debate a violência, em suas diferentes formas e conteúdos, é injustificável. Nesse sentido, o roubo da fala, a destituição da voz dos professores e a anulação do debate político, são os meios pelos quais a diretoria da ADUFG vem violentando os professores cotidianamente.
Após os eventos, a ampla maioria dos professores se manteve no plenário e exigiram a continuidade da Assembleia. Sem a direção do sindicato, os professores debateram democraticamente, mas em condições precárias, pois nem mesmo o som foi-nos permitido. O resultado foi a deliberação pela Greve com início no dia 11/06 e a criação do Comando Local de Greve da UFG. Essa mesma Assembleia, numa clara posição de que tem a intenção de compor um forte e ampliado movimento entendeu que a greve é construída no nosso sindicato, e que o sindicato somos nós!
É necessário dizer que havia professores que compõem o Fórum na Assembleia. Alguns falaram à frente, muitos permaneceram sentados na plenária discutindo com seus pares, votando e se expressando do modo com foi possível. É também necessário dizer que o Fórum se constitui, a partir de agora, como base de apoio à greve na UFG, pois sua razão de existir é a construção de uma Universidade pública, gratuita e de qualidade, com professores valorizados e fortalecidos no seu trabalho e, hoje, a greve é um instrumento fundamental dessa luta.
Àqueles que estiveram lá, sabem o que há de verdade e o que é inverídico nas informações circuladas pela direção da ADUFG. Alguns professores têm solicitado para se desvincularem (retirar e-mails da lista) do Fórum, por associá-lo aos eventos acontecidos na Assembleia. Muitos outros solicitaram para se integrarem ao debate, após isto. Se desvincular é um direito legítimo e será respeitado, quando cada um de nós solicitá-lo. Entretanto, é, no mínimo, descuidado acusar o Fórum de promover qualquer tipo de ações deletérias em qualquer que for o espaço, pois isto incide na acusação de centenas de professores, estudantes e técnicos que sequer levantaram-se de suas cadeiras durante todo o processo ou nem estiveram presentes na Assembleia.
O Fórum de Mobilização dos Professores entende que a violência está do lado da direção do sindicato que desrespeita, fragmenta e desinforma os professores. Essa violência machuca n'alma daqueles que, de forma autônoma, pensam, refletem e lutam pela construção de uma Universidade pública, gratuita e de qualidade para todos nas salas de aulas, em seus núcleos e laboratórios, nos projetos que se estendem à comunidade fora da universidade e que se organizam politicamente.
O Fórum tem a tarefa de ajudar a construir a greve! Venham e participem.


Próxima reunião dia 11/06 às 14 horas na Faculdade de Letras.       

Um comentário:

  1. Todo apoio à greve d@s Professor@s!
    Nós, estudantes, também decretamos GREVE ESTUDANTIL para o dia 11/06 em nossa assembleia no dia anterior à de vocês.

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