terça-feira, 12 de junho de 2012

PROFESSORES DA UFG DEBATEM SOBRE A GREVE


As greves e os sindicatos

Ged Guimarães
Professor da FE/UFG e filiado à ADUFG

No dia 06 de junho de 2012, os professores da UFG se reuniram para deliberar a respeito do indicativo de greve a ser iniciada no dia 11/06/2012.  A presidente do sindicato – ADUFG – solicitou aos professores não-filiados que cedessem os espaços do auditório aos filiados para iniciar a assembleia. Os presentes, talvez entendendo que o sindicato representa a categoria e não somente os filiados, continuaram em seus lugares. Frustrada em suas pretensões, a presidente declarou encerrada a sessão.
Como a maioria não acompanhou a presidente em sua retirada, um grupo de professores conduziu a reunião – sem o sindicato e sem o som, que foi levado pela diretoria.  
Os professores, talvez entendendo que a assembleia de um sindicato não se assemelha à assembleia de um condomínio – que tem um síndico que vigia para que os inadimplentes não votem – , ouviram, tiraram as dúvidas, democraticamente fizeram a inscrição para falar, tiveram tempo de fala e no fim, votaram pelo início da greve no dia 11/06/2012.
E por que o sindicato abandonou a assembleia? Por que os professores continuaram no local?
Em relação à primeira pergunta, vamos encontrar nos documentos do PROIFES e da ADUFG algumas explicações. Vejamos: “Essa radicalização nos episódios envolvendo o Movimento Docente tem crescido em todo o país [...], só demonstra que pequenos grupos, certamente representantes de interesses político-partidários, têm tentado à força, com atos de violência, impor seus interesses particulares ao conjunto do Movimento Docente, fazendo parecer que há uma realidade que não é a que pensa a maioria dos docentes, que estão procurando através de seus sindicatos legítimos e do PROIFES-Federação defender seus direitos, de forma democrática e autônoma”. (http://www.adufg.org.br/adufg/noticias.php?locNot=&ssc=0&id=2993&pg=0, grifos nossos)
Ora, acusar o movimento docente de desordeiro e ter líderes com interesses escusos à categoria é próprio de patrões e de governos autoritários. Aliás, essas acusações já foram ouvidas no Brasil durante o período da ditadura militar. Afirmar que pequenos grupos, representantes de interesses político-partidários, tentam se impor ao conjunto dos docentes é pressupor que os professores têm capacidade limitada de compreensão, são ingênuos e, por isso, facilmente manobrados. Quando a ADUFG abandonou a assembleia, parece não ter sido outra coisa senão o medo do debate, do confronto de idéias e de perder o controle do movimento. Talvez seja por isso que ela insiste tanto em voto eletrônico, voto à distância.
Em relação à segunda pergunta, a resposta parece óbvia: Os professores que compareceram à assembleia queriam conversar, debater a respeito dos fatos, decidir o que fazer e isso não dependia, naquele momento, do sindicato.
Ora, ora!  Sindicados que evitavam o debate e o confronto de ideias, outrora eram chamados de pelegos, pois, ao se alinharem aos interesses do patrão ou do governo, disponibilizavam aos trabalhadores alguns serviços sociais, organizavam campeonatos, faziam festas. Hoje, muitos sindicatos praticam o que chamam de sindicalismo de resultados. Chegam afirmar que patrões e empregados são parceiros no processo produtivo e que no governo há companheiros com os quais se pode contar.
No fim, o que sobra para o sindicato é a mesma coisa: cuidar de convênios, fazer excursões, organizar recreios, promover a assistência social e oferecer cursos de qualificação para os trabalhadores, entre outras ações do gênero.
Tudo isso afasta os trabalhadores das questões que dizem respeito às relações de trabalho: reivindicações por melhores salários, plano de carreira que respeite o princípio da qualidade e as condições de trabalho, além do necessário esforço para que todos compreendam a natureza de nossa sociedade.
Fora isso, e com ações próprias das ONGs, das atuais organizações sociais ou dos governos, o sindicato se transforma em lugar propício àqueles que desejam a promoção pessoal.
Para combater essas práticas, aos trabalhadores não resta alternativa senão a organização, o esclarecimento, o debate, sempre procurando separar o interesse público (de todos) dos interesses particulares.



Goiânia, 10 de junho de 2012.


Ged Guimarães

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